sábado, 15 de dezembro de 2007

Só.


Não me sinto parte de nada
Não dou asas aos meu sonhos
Porque deles já viraram cova rasa
Há tempos minha aquarela tem tom cinza
E eu até gosto
Parece tarde de outono
Eu sou pura contradição
Eu rio quando tenho saudade
Choro quando estou feliz
Me sinto só quando estou no mundo
No meio de tanta gente
Encontro companhia na solidão

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Descaso.


Errei a letra
Mas foi por querer
Pra fugir do certo
Ando com nojo do correto
Do perfeito
Ando desconfiado
Acho que é muita pretensão
Deve ser coisa do diabo
Prefiro derrapar na curva
Prefiro os lugares mais íngremes
Não sinto a dor na vaia
Mas no aplauso frio
De sorriso amarelo
Sou um vira-mundo
Andarilho solto
Mochila nas costas
O que me resta?
Um violão
Violeta
E paixão!
A poesia?
Já fiz melhores
Mas hoje não é um bom dia
Nem sempre as palavras
Têm as cores que eu queria
Se quiser termine
Ou volte outro dia

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Desabafo.


Se eu pudesse excluir o tempo
Ou parar o vento
Quem eu seria agora?
Sem um pouco deste sofrimento
Que eu carrego mundo afora?
Já me acostumei com as marcas
Pequenas feridas mal cicatrizadas
Que insistem em me recordar
Dos muitos tropeços da jornada
Uma fórmula mal resolvida
Uma equação mal calculada
Mas eu vou
Meio trôpego
Pela ribanceira
Olhando tudo lá do alto
Sem medo de pôr a cara no asfalto
A olhar os cortes que já não fazem dor
Um olhar assim meio vago
Um tom meio acinzentado
Um corpo indolor
Talvez esteja com febre
Talvez a vista cansada
Viajante do tempo
Esperando o movimento
De aplaudir e gritar
Enfim...
O fim chegou!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

De Vagar.


Tentei fazer um poema
Mas saiu meio sem brilho
Ando muito temperado
Nem doce, nem salgado
Talvez por isso
Os versos quase não saem de casa
Preciso de algo me espante o sono
Este estado meio de abandono
Um quase marginal
Vivendo de retórica passional
De amores confessados
De melodia acelerada
Até mesmo palavra inventada!
Poeta?
Já falei que sou
Mas sinceramente?
Acho que apenas
Ando metido a compositor

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

In Definir?


Não sei de caminhos retos
Aprendi a ser torto
No meio de tanto concreto
Já é fácil se sentir morto
E se ainda não tenho porto
Nesse pseudo caos de vida moderna
É que minha vida não segue rimas
Prefiro prosar com a porta aberta
E num contexto desalinho
Todo o sinal pálido de tédio alheio
Redundante eu? quem dera!
Eu apenas tiro o pé do freio
E no acelerador poético
Buscando palavras que me definam o jeito
Finjo que sou sujeito
Daqueles assim cheios de defeitos
Mas na verdade sou poeta
Dos acordes, dos versos
Da estrada sem reta